Depressão. O que é? 

21-07-2020

Vídeo no TED - Helen Farrell - Dezembro 2015

“A depressão é a principal causa de incapacidade no mundo.

Nos Estados Unidos cerca de 10% dos adultos lutam contra a depressão.

Mas como é uma doença mental, pode ser muito mais difícil de entender do que, digamos, um colesterol elevado.

Uma importante fonte de confusão é a diferença entre ter uma depressão e sentir-se deprimido.

Quase toda a gente se sente em baixo de vez em quando. Ter uma nota baixa, perder um emprego, ter uma discussão e até um dia chuvoso, pode causar um sentimento de tristeza. Por vezes não há qualquer razão, aparece sem se saber de onde, depois as circunstâncias mudam e o sentimento de tristeza desaparece.

A depressão clínica é diferente, é um distúrbio médico e não desaparece só porque queremos. Perdura pelo menos durante duas semanas consecutivas e interfere significativamente com a capacidade de trabalhar, de brincar ou de amar.

A depressão pode ter muitos sintomas diferentes. Uma disposição baixa, perda de interesse em coisas de que gostamos, alteração do apetite, o sentimento de não prestar ou de excessiva culpa, dormir demasiado ou muito pouco, dificuldade em se concentrar, quietação ou lentidão e perda de energia ou pensamentos recorrentes de suicídio.

Se tiverem pelo menos cinco deste sintomas, segundo as linhas de orientação psiquiátrica são candidatos ao diagnóstico de depressão.

Mas não há apenas sintomas de comportamento. A depressão tem manifestações físicas no interior do cérebro. Primeiro que tudo, alterações que podemos ver a olho nu ou aos raios X, incluem redução do volume dos lobos frontais e do hipocampo. A uma escala mais microscópica, a depressão, está associada a algumas coisas: a transmissão anormal ou o esgotamento de determinados neurotransmissores, em especial, a serotonina, a noradrenalina e a dopamina, ritmos circadianos reduzidos ou alterações específicas na parte REM ou de ondas lentas do ciclo do sono e anomalias hormonais como alto nível de cortisol e de desregulação das hormonas da tiroide.

Mas os neurocientistas ainda não têm uma imagem completa do que é que provoca a depressão, parece ter haver com uma interação complexa entre genes e meio ambiente. Mas não temos uma ferramenta de diagnóstico que possa prever com rigor onde ou quando ela aparecerá.

Como os sintomas de depressão são intangíveis é difícil saber quem pode parecer estar bem mas está em dificuldade.

Segundo o Instituto Nacional de Saúde Mental, uma pessoa que sofre de uma doença mental, leva em média 10 anos para pedir ajuda. Mas há tratamentos muito eficazes. (...)

Portanto, se conhecerem alguém que sofra de depressão, encorajem-na, delicadamente, a procurar qualquer opção de tratamento. Podem inclusivamente ajudá-la a fazê-lo.

Para uma pessoa com depressão, os primeiros passos para solicitar ajuda podem ser inultrapassáveis. Se essas pessoas se sentirem com culpa ou envergonhadas, expliquem-lhes que essa depressão é uma doença médica tal como asma ou diabetes, não é uma fraqueza nem uma característica da personalidade, e não podem esperar que consigam ultrapassá-la sozinhos, tal como, ninguém pode curar sozinho um braço partido.

Se nunca tiveram uma depressão, evitem compará-la com as vezes em que sentiram em baixo. A comparação com aquilo que sentimos, sentimentos de tristeza temporários e normais, pode fazer com que se sintam culpados. Mas falar abertamente sobre depressão pode ajudar. Por exemplo, a investigação mostra que se perguntarmos alguém se tem sentimentos suicidas, reduz-se o risco do suicídio e uma conversa aberta sobre doenças mentais, ajuda a eliminar o estigma e torna mais fácil as pessoas procurem ajuda.

Quanto mais doentes procurarem tratamento, mais os cientistas aprenderão sobre a depressão, e melhor tratamento as pessoas podem receber.”


Helen Farrell: What is depression?
https://www.ted.com/talks/helen_m_farrell_what_is_depression